Nunca poderia imaginar que em uma reunião de escola, teria um reencontro com minha angústia ‘pré prova’.

Reunião escolar da minha filha. Professora querida e muito prestativa nos dava a explicação de como seria o ano e, o início das provas – que até então era uma novidade para minha – não mais – pequena.

Claro que hoje é tudo diferente, junto ao fato que agora eu sou a mãe.

E, neste momento – durante a explicação – começo a sentir o que sentia nas vésperas das minhas provas: ansiedade, preocupação,  dúvidas. Uau, nem mais lembrava dessas sensações, nada prazerosas.

E, a reunião segue, professora aborda a importância de respeitar o tempo e limite de cada um, e então entendi – mais uma vez – que não tenho o direito de impor a minha história, isso inclui crenças ‘tortas’, traumas, sensações, sobre a vida da minha filha.

Quantos de nós jogamos sobre nossos filhos, e porque não dizer nas pessoas ao nosso redor, nossas histórias – junto com lixos? Sim, dizemos que é assim e assado. Que passamos isso e aquilo. Que quando tínhamos a idade deles já fazíamos isso e aquilo – só faltamos falar que tínhamos pós-graduação com cinco anos. Um excesso de ‘achismos’ desnecessários lançados em cima de crianças que ainda não têm maturidades.

Claro, que tem ‘lugares’ em nós que são ‘terrenos minados’, e devem ser respeitados. Não como uma muleta e sim como barreira de limites.

Mas isso não nos dá o direito de querer predeterminar, e mais, jogar nossas sensações em cima do outro. Isso acontece muito na educação em casa, é o famoso: “Você vai ver quando chegar a hora da prova?!” “Isso não dará certo!”, “Esse vai dar um trabalho”, entre outras coisas.

E com isso a ‘profecia’, foi tão bem empregada, que acaba acontecendo. Volto a reunião, e vem à cabeça: “Que direito tenho eu de passar para minha filha esse ‘sentimento’ tão único, que me pertencia – e não a ela? Que direito tenho eu, de marcá-la com crenças que eram e são minhas e que me fizeram chegar onde estou? Ah, tenho certeza que D’us é tão preciso em sua obra que trata todos de forma única, isso inclui mandar para cada ser humano, os sentimentos e situações necessárias para seu crescimento individual. Apesar de sermos muitos parecidas fisicamente – isso é o que dizem – eu e minha filha somos completamente diferentes. Entendi, que aquele sentimento veio para me mostrar a respeitar seu, – hoje pequeno -espaço e só dar a ‘vara’ mas, o peixe ela teria que pesca-lo. Ela teria que trilhar esse caminho SOZINHA. Faria o possível, dentro do meu limitado espaço, de explicar que a prova seria só um papel em que ela colocaria o que aprendeu durante o trimestre. E, que o ‘caminho’ era muito mais importante que a ‘chegada’. Nesse ‘caminhar’ ela poderia se descobrir, se reinventar. Que isso sim, ela teria que deixar florido, mesmo que muitas vezes o ‘solo seria árido’.

Agradeci a D’us por aquele reencontro com um sentimento tão antigo. Mais uma vez, entendi que sou apenas um instrumento para o encaminhamento dela pela vida. E, que não tenho direitos de marcá-la com uma história que não é a dela. Que sua evolução é única e não me pertence – como pais e pessoas temos que nos policiarmos.

Reunião acabando e a sensação foi embora, ela só veio fazer – mais uma vez – o seu papel. Como todas sensações e dores – ensinar o que é necessário – e que se for para marcar alguém que seja de forma positiva, edificando e respeitando o espaço de cada um, e com isso formando cada pessoa – individualmente – um mundo digno onde Deus tenha orgulho da sua criação.

Nurya Ribeiro

 

About the author :

Leave A Comment

Related posts